✔ Todas as tarefas da semana feitas
✔ Janta planejada para segunda-feira
✔ Academia e jogo marcados na agenda
Quando já dominamos bem a nossa rotina, sentimos um certo poder que vem da produtividade previsível.
Mas aí de repente a vida fica corrida demais. Talvez tenhamos que pular uma refeição, atrasar algumas tarefas, e tudo começa a desandar. O que resta é a nossa produtividade totalmente empacada e uma dor de cabeça enorme. Talvez a gente sinta que está na hora de dar um passo para trás e tirar férias. Afinal, estamos trabalhando muito duro! Às vezes precisamos de um intervalo para evitar o burnout ou para alcançar o que o especialista em produtividade Tim Ferriss chama de uma separação saudável entre o trabalho e a vida.
Mas pode ser que quando você diz “preciso de um tempo”, o que seu cérebro realmente quer dizer é “preciso de mudança”.
Há anos, a neurociência tem procurado maneiras de treinar e reconectar processos mentais para aumentar a produtividade, como técnicas de visualização usadas por atletas olímpicos. Um pesquisador literalmente virou de cabeça para baixo a forma como ele via o mundo usando óculos que invertiam a vista — e ele conseguiu andar de bicicleta dentro de uma semana!
A ciência descobriu que o cérebro é uma criatura inconstante: ele não só continua crescendo durante a vida adulta, mas adora coisas novas e que chamam atenção. Quando você dá ao seu cérebro experiências ou atividades novas para aprender, ele fica estimulado como se tivesse meditado ou tirado um tempo para descansar das situações estressantes da sua rotina.
Então, se você não consegue dar aquela escapada para a praia esta semana, continue lendo para saber como descansar a mente sem ter que arrumar as malas.
Adapte sua motivação com a neuroplasticidade
Se a rotina nos ajuda a ser produtivos, por que ela às vezes nos faz sentir que precisamos de um tempo longe de tudo?
O cérebro tem bilhões de ligações neurais que são usadas para fazer tudo. Algumas ligações são usadas mais que outras. Quanto mais você depende das ligações que já existem, menos você explora as outras no seu dia a dia. Assim como uma caminhada ao ar livre nos faz sentir descansados depois de passar o dia em um escritório fechado, se não explorarmos o território da nossa mente, nosso cérebro não consegue esticar os músculos, tanto no sentido figurado quanto no literal.
A neuroplasticidade (também conhecida como plasticidade neuronal) é a capacidade de o cérebro evoluir e mudar durante a vida de uma pessoa. O cérebro é adaptável e pode ser moldado, assim como o plástico. Inclusive, sempre que você aprende algo novo que muda sua forma de pensar ou fazer algo, você está usando o poder da neuroplasticidade:
(Obs.: Habilite a legenda em português ou assista à versão dublada do vídeo aqui)
A plasticidade nos ajuda a adquirir aprendizado permanente e deixa nosso cérebro forte pra caramba. Por exemplo, se nossa vista for danificada, é a plasticidade do nosso cérebro que ajuda nossos outros sentidos a ficarem mais aguçados e a compensarem a perda da vista. Também podemos usar a plasticidade de propósito para ajudar o cérebro a crescer e dar uma arejada quando bate o estresse.
Para saber como descansar a mente da rotina diária, aprenda com o processo da neuroplasticidade e deixe sua mente entrar no modo férias. Sabe qual o segredo? Novidades.
De acordo com o psiquiatra Dr. Shimi Kang, o cérebro aproveita melhor um descanso ou férias quando vivencia alguma novidade. Com novas coisas para ver, ouvir, sentir e experimentar, você ajuda seu cérebro a explorar e estimular a si mesmo criando novos caminhos neurais. E enquanto você se ocupa mapeando novos caminhos como se estivesse esculpindo uma obra-prima, seu cérebro consegue descansar e recalibrar. Imagine que é como desviar o trânsito para sair das avenidas que você mais usar no dia a dia. Com essa pausa na correria, as ligações neurais vão estar prontas para o próximo horário de pico!
Estes parâmetros podem ajudar a identificar uma atividade como eficaz em alcançar os propósitos da neuroplasticidade:
- A nova atividade é diferente o suficiente da sua rotina para fazer você sentir que está fora da sua zona de conforto absorvendo uma perspectiva nova? Por exemplo, se você trabalha com dados em um computador o dia inteiro, pode ser uma boa ideia aprender a pintar, jogar queimada ou esculpir. Todas essas atividades exigem um tipo de criatividade, lógica e habilidade física diferentes do que o raciocínio com números.
- Você acha a nova atividade divertida? Todo mundo lida de forma diferente com o estresse, então essa pergunta é muito pessoal. No nível mais básico, seu cérebro reage ao estresse indesejado negativamente. Qualquer coisa que trouxer uma perspectiva nova de modo divertido é como tirar férias — e qualquer coisa nova que causar estresse ou desgaste não vai dar ao seu cérebro tempo para relaxar e se sentir estimulado com as experiências novas.
- Você realmente consegue encaixar essa nova atividade na sua agenda em longo prazo? E você vai fazer isso? O autor Michael Merzenich é um pesquisador proeminente de plasticidade neuronal e explora esse tema no livro “Soft-Wired: How the New Science of Brain Plasticity Can Change Your Life”, no qual ele mostra que, a princípio, qualquer mudança é temporária. Seu cérebro só absorve a mudança de forma permanente se ele considerar a experiência nova ou interessante o suficiente, ou se o resultado for importante o suficiente (para o bem ou mal) para ser lembrado. Então, se você gosta de como se sente como pintor de retratos, talvez seja bom incluir isso nos seus planos de longo prazo.
O Dr. Kang menciona que uma atividade nova pode ser tão simples como ler um livro novo, visitar um lugar novo ou experimentar uma atividade diferente. E quando você toma tempo para aprender novas habilidades que são interessantes para você, os benefícios do sucesso são ampliados. Seu corpo libera mais dopamina quando você alcança metas que sua mente considera mais interessantes e gratificantes para os seus interesses e valores básicos.
Seguem algumas outras dicas para continuar empenhado em descansar o cérebro com novidades:
- Faça uma lista de assuntos ou atividades que você sempre quis experimentar e divida os itens em listas semanais ou mensais. (Se der um branco, pergunte a outras pessoas quais hobbies ou atividades elas adoram e por quê.)
- Agende no seu calendário momentos para se desconectar da vida normal e se envolver com a nova atividade.
- Quando você conseguir usar aquele tempo para essa atividade, marque na sua lista. Estabelecer e alcançar pequenas metas libera dopamina, um hormônio que causa um sentimento bom e que vai incentivar você a passar por esse novo caminho de novo.
Aumente sua produtividade com o ‘efeito novidade’
O efeito novidade é um fenômeno psicológico particularmente estranho que explica como o cérebro humano pode ser minucioso com a questão de se sentir renovado e pronto para voltar ao trabalho. Pesquisas indicam que seu desempenho em uma tarefa inicialmente melhora quando uma nova tecnologia ou processo são introduzidos. É isso mesmo: você melhora instantaneamente só porque seu cérebro se interessa pelo novo processo que acabou de chegar.
Esse truque da novidade pode acontecer com algo tão básico como uma lâmpada. Na década de 1930, uma busca por iluminação otimizada em fábricas revelou que não era um tipo específico de lâmpada que levava os operários a ter turnos mais produtivos. O simples ato de trocar a lâmpada é que estimulava os operários a trabalhar mais por um tempo limitado depois da troca, o que conhecemos hoje como a experiência de Hawthorne.
Então, mesmo se você não puder dar um tempo de verdade ou aprender uma nova habilidade, você pode aprender como descansar a mente ou revigorar o cérebro ao disfarçar sua rotina de trabalho com pequenas novidades.
O jornalista Clive Thompson turbina a produtividade dele usando uma estratégia ativa de ‘efeito novidade’ ao mudar seus aplicativos e rotinas regularmente. A natureza “temporária” desse efeito é importante: a chave para tirar proveito desse impulso e dos efeitos de neuroplasticidade que ele traz é continuar mudando os fatores a ponto de não ter nem tempo de se acostumar com a presença deles:
“O ponto central é: o efeito novidade não é uma farsa. Não é ilusão. Realmente temos impulsos genuínos de criatividade ou produtividade quando experimentamos uma ferramenta nova.”
Não é tão diferente de tirar férias, afinal. Você sente que dá um tempo na mesmice quando trabalha com uma perspectiva renovada (ou com uma caneta nova toda chique). Mas o self-service à vontade e o colchão do hotel perdem o apelo com o tempo, assim como acontece com ferramentas novas que podem ter expandido sua perspectiva no começo, mas não são atraentes o suficiente para se tornarem caminhos neurais permanentes. O sinal de que as férias foram boas é aquele momento quando você percebe que está pronto (e animado) para voltar à vida normal, não é?
Considere usar uma ferramenta que pode ser flexível o suficiente para lidar com esses momentos de novidade e ainda dar conta dos hábitos sólidos de produtividade que você usa na hora de realizar suas tarefas normais.
No fim das contas, o objetivo é intencionalmente dar ao seu cérebro uma existência equilibrada e feliz. É importante conseguir tirar umas boas férias na praia, mas enquanto isso não acontece, você pode começar a aprender um idioma ou a costurar uma canga para ajudar a lutar contra a canseira da produtividade diária.
Para o bem ou mal, adoraríamos ouvir o que você acha. Siga-nos no Twitter (@trello_br) ou escreva para atendimento@trello.com.
Leia também: Hábitos de sucesso matinais por quem entende de produtividade
Seja algo negativo ou positivo, adoraríamos ouvir o que você acha. Siga-nos no Twitter (@trello)!