“Se você continuar fazendo essa careta, seu rosto vai ficar assim para sempre.”
“Não sente tão perto da TV ou você vai cair lá dentro.”
“Coma cenoura, faz bem para a vista.”
Soa familiar? Quando você era criança, você ouvia muitos mitos e lendas como essas.
Agora que você cresceu em tamanho e inteligência (assim espero), parece estranho pensar que você cairia nos mesmos truques e lendas espalhadas mundo afora. Porém, acredite se quiser, você ainda cai — particularmente quando se trata de mitos sobre o trabalho e como torná-lo mais eficaz aumentando sua produtividade pessoal.
Quando se trata de dar um gás na sua lista de tarefas, é comum ouvir muitos conselhos. Como saber quais dão certo e quais não têm nada a ver?
Veja a seguir os 5 mitos mais comuns sobre como aumentar a produtividade pessoal.
Mito nº 1: Ser multitarefas é necessariamente ruim
Sim, o conceito de multitarefa, isto é, mudar de tarefas o tempo todo, tem efeitos ruins na produtividade pessoal. Porém, é importante observar que trocar de uma tarefa para outra não é a mesma coisa que ser multitarefas.
Em vez disso, o conceito de multitarefas é fazer mais do que uma coisa só ao mesmo tempo. Isso é difícil para a maioria de nós (a não ser que você seja profissional naqueles desafios de coordenação motora). No entanto, existem alguns efeitos positivos de ser multitarefas:
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Ensaiar sua entrevista de trabalho (para você que quer saber como conseguir o emprego dos sonhos) enquanto lava a louça.
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Ouvir aquele podcast informativo enquanto se tortura na esteira da academia.
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Andar de bicicleta enquanto planeja o que fazer de janta na semana.
Ou seja, desvendando o mito sobre o trabalho que tem a ver com multitarefas: nessas situações, ser assim maximiza o seu tempo e, em muitos casos, ajuda a melhorar a produtividade. O segredo é as tarefas se complementarem, não competirem uma com a outra, ou seja, envolverem o mesmo esforço cognitivo ou tipo de concentração.
Então, da próxima vez que alguém tentar explicar para você que sua tendência de ser multitarefas atrapalha sua produtividade pessoal, você tem permissão para descartar esse conselho já sabendo que a informação não procede.
Mito nº 2: Deus ajuda quem cedo madruga
Se você é dessas pessoas que têm o dedo colado com super-bonder no botão da soneca do alarme, já deve ter recebido um bombardeio de dicas sobre como se transformar magicamente em uma pessoa que adora acordar cedo.
Isso significa que você já ouviu este tipo de conselho inúmeras vezes: Para aumentar sua produtividade pessoal, seu dia precisa começar cedo.
Nada contra quem acorda cedo, mas isso não é necessariamente verdade.
Uma pesquisa conduzida por cientistas na Universidade de Liege, na Bélgica, incluiu 31 participantes — 15 dos quais se orgulhavam em ser noturnos enquanto os outros 16 acordavam cedo.
Depois de passar duas noites em um laboratório do sono, os dois grupos mostraram uma diferença de quatro horas na rotina de sono. Por exemplo, os que acordavam cedo saíam da cama às 7h, e os noturnos se arrastavam da cama às 11h.
Os participantes foram testados — meia hora, 1,5h e 10,5 horas após acordarem — para avaliar a habilidade de concentrar a atenção em algo enquanto um equipamento de ressonância magnética examinava o cérebro deles.
No teste de manhã, que acontecia logo depois de acordarem, não havia diferença significativa entre os que acordavam cedo e os que acordavam tarde. Porém, no teste realizado à noite, os participantes mais noturnos estavam muito menos cansados e tinham tempos de reação muito mais rápidos do que os participantes que madrugavam. Então, para resumir, quem acorda tarde consegue manter sua mente alerta por mais tempo antes de se sentir exausto.
Quanto à ressonância magnética da função cerebral, ela também confirmou essas conclusões. Dez horas e meia depois de acordar, os participantes que madrugavam tinham atividade cerebral muito mais baixa em regiões relacionadas a coisas como atenção.
Ah, e a gente não quer esfregar na cara, mas algumas pesquisas apontam que as pessoas noturnas também são (possivelmente) mais inteligentes. Outro estudo com 420 participantes concluiu que as pessoas que preferem a noite, desempenharam melhor do que quem acorda cedo em testes de inteligência — particularmente quando o assunto era memória operacional e velocidade de processamento.
E sabe o que foi o mais inusitado?
O resultado deu o mesmo, inclusive quando os testes foram feitos de manhã. 🙃
Mito nº 3: A melhor maneira de destravar é fazendo um intervalo
Não há nada pior do que descansar a cabeça na mesa ou olhar fixamente para o cursor do mouse piscando na tela sem conseguir sair do lugar.
Para você que quer saber como estimular a criatividade, esse é um bloqueio criativo de proporções homéricas. E se você seguir os conselhos mais comuns, vai dar uma volta, trabalhar em outro projeto ou fazer qualquer coisa que distraia você da tarefa empacada.
Por mais que você se sinta melhor, essa não é a melhor maneira de lidar com a situação — é mais um mito sobre o trabalho e a produtividade pessoal. Estudos científicos dizem que a maneira mais eficaz de sair de um bloqueio é fazer o que parece impossível: insistir na tarefa na "marra", na força bruta.
De acordo com pesquisas da Kellogg School na Northwestern University, a persistência é o suficiente para conseguir chegar nas suas melhores ideias.
Durante a pesquisa, participantes fizeram um brainstorm de ideias criativas (na forma de pratos originais para servir na ceia de Ação de Graças) durante 2 períodos de tempo curtos. Quando o primeiro período acabou, eles tinham que dar uma estimativa de quantas outras ideias eles conseguiriam ter durante o segundo período.
Na média, os participantes subestimavam a si mesmos. Previam que conseguiriam ter mais 10 ideias durante o segundo intervalo. No entanto, eles tiveram umas 15.
Quer saber o mais interessante? As ideias também era muito mais criativas durante o segundo intervalo. Na primeira parte, as ideias eram mais comuns: peru, purê de batata. Já na segunda, eles tiveram sugestões mais inovadoras, como panquecas com formato de peru.
Mito nº 4: Tire da frente as tarefas que são corriqueiras, mas menos importantes
É difícil não se identificar com esse mito sobre o trabalho. Se você for como todo mundo, você começa o dia fazendo todas aquelas tarefas corriqueiras mas não tão importantes: responder a emails, conversar com os colegas e preencher relatórios de gastos, por exemplo.
Para você, é sábio tirar essas coisinhas da frente para se concentrar na tarefa mais importante do dia. É como fazer faxina na mente.
A ideia é boa, mas muitos psicólogos e especialistas afirmam que geralmente é muito melhor começar o dia com algo mais importante — ou até uma tarefa que você está adiando por medo, um dos sinais da ansiedade no trabalho.
Você provavelmente já ouviu sobre a técnica de “comer o sapo”, que se refere a uma citação de Mark Twain. Se você começa o dia com algo chato, consegue dar o máximo de si no resto sabendo que o pior já passou.
Nesse sentido, a química do seu cérebro tem algo a contribuir para essa conversa também. O psicólogo Ron Friedman explica que as 3 primeiras horas do dia de trabalho são nosso período de mais concentração.
“Se desperdiçarmos essas três primeiras horas reagindo à prioridade de outras pessoas para nós, o que é basicamente o conceito de um email ou mensagem na secretária eletrônica — isto é, uma lista de outras pessoas pedindo nosso tempo —, acabamos abrindo mão das melhores horas do dia e não somos tão eficazes quanto poderíamos ser,” explica Friedman para a Harvard Business Review.
Além disso, no começo da tarde, passamos por uma redução no funcionamento cognitivo (sabe aquela lentidão das 15h, né?). Então, tirar da frente a tarefa mais importante pode ajudar você a aumentar sua produtividade pessoal no trabalho.
Mito sobre o trabalho nº 5: ser produtivo quer dizer fazer tudo
Quando você pensa em um dia produtivo, como é esse dia? Infelizmente, muita gente confunde “ocupado” com “produtivo”.
Queremos uma caixa de entrada vazia e uma lista de tarefas toda riscada como troféu no fim do trabalho árduo. No entanto, e aqui vai outro mito sobre o trabalho: esses não são indicadores reais do seu nível de produtividade pessoal.
Claro, você pode sentir que fez muita coisa se conseguiu diminuir o número de emails na caixa de entrada de 582 para 200, mas faça a seguinte pergunta: Essa foi a maneira mais eficaz de usar seu tempo? Ou você teria aproveitado melhor o tempo dedicando essas horas àquela apresentação que você precisa terminar logo?
Quando se trata de aumentar sua produtividade pessoal, é importante lembrar a regra de ouro: qualidade é melhor que quantidade. Se você conseguir avançar bem naquele projeto assustador, isso é tão produtivo (ou até mais) quanto eliminar 15 coisas diferentes da lista de tarefas.
A produtividade pessoal é realmente pessoal
Se você busca aumentar sua produtividade pessoal, já deve ter visto muitos conselhos e dicas contraditórias que são divulgadas como o grande segredo que você precisa dominar no trabalho.
Com relação a sua própria produtividade, porém, é importante lembrar que o mais inteligente a fazer é descobrir o que funciona melhor para você.
Se seu método particular é fundamentado na ciência, em especialistas e em artigos, ótimo. Se não for, tudo bem também. Você não precisa mudar alguma coisa na sua abordagem só porque não existe um artigo científico ou uma opinião externa dando respaldo. No fim das contas, se o método ajuda você a fazer as coisas acontecerem, isso é o que realmente importa!
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